Émile Durkheim e Marcel Mauss - Algumas Formas Primitivas de Classificação

DURKHEIM, Émile; MAUSS, Marcel. Ensaios de Sociologia - Algumas Formas Primitivas de Classificação. São Paulo: Perspectiva, 1990.

Emile Durkheim defende a idéia de relevância do aspecto social nas várias formas de classificação.

Ele cita formas de classificação primitiva, baseada em um estudo com tribos específicas da América do Norte, Austrália e China, estruturadas a partir de uma realidade social e de experiência naquilo que o indivíduo tem em relação ao meio natural. O autor busca uma concepção que une todas as civilizações estudadas que é totemismo, que significa uma relação entre indivíduos com a mundo animal e vegetal, pertencentes ao mundo natural. O totemismo é explicado como uma divisão onde cada tribo tem duas fratrias e cada fratria tem diversos clãs e cada clã tem indivíduos do mesmo totem, cada totem tem uma classificação referente ao meio natural e então a divisão dessas tribos são: tribo, fratrias, clãs e totens.

Estudando a China, no extremo Oriente, vemos a classificação dos chineses Yin e Yang, onde segundo os chineses, é a forma de classificação do mundo todo. É um sistema que dita todas as ações da vida de um indivíduo, onde existe uma classificação com o meio natural com cinco elementos: terra, água, bosque, metal e fogo, onde se atribui em diversas coisas como acontecimentos e catástrofes naturais. Isso está muito ligado ao que é estudado nas tribos australianas, onde se utiliza do meio natural para se ter uma classificação. Também nos é apresentado o fato de a mitologia estar entrelaçada com as formas de classificação onde diversas tribos se atribuem em fatos mitológicos para explicar as diversas situações e assim combinavam a sua realidade. O autor comenta que o pensamento mitológico é um princípio de classificação muito relativo ao científico, mas que tem em seus princípios origem religiosa.

Emile Durkheim conclue que as classificações são feitas a partir de experiências e, portanto, não existe uma classificação única, pois todas são feitas em base à experiência do indivíduo. Durkheim comprova sua conclusão de que as classificações variam de acordo com o momento em que foi feita naquele determinado contexto histórico. Portanto assim como os povos primitivos pensavam a sua cultura como única e certa, nos tempos atuais pensam da mesma forma, onde os indivíduos imaginam sua percepção de mundo como certa e verdadeira, de acordo com a teoria do etnocentrismo, onde uma determinada cultura é definida como única, por um determinado grupo ou país, ficando confirmado que não existe nenhuma classificação dita como certa, mas sim são escolhas arbitrárias feita se8 embasamento tecno científico onde parte de experiências pessoais.

Os sistemas de classificação mais humildes que conhecemos, são observados nas tribos australianas. Conhece se o tipo de organização mais encontrados nessas sociedades, sendo que cada tipo está dividido em duas grandes seções fundamentais, as quais damos o nome de fratria. Cada uma fratria, por sua vez, compreende certo número de clãs, isto é, de grupo de indivíduos portadores do mesmo totem. Em princípio, os totens de uma fratria não são encontrados em outra fratria. Além dessa divisão de clãs, cada fratria está dividida em duas classes que damos o nome de matrimoniais. Damos esse nome porque tal organização tem por objetivo antes de mais nada, a regulamentação dos casamentos, sendo assim, determinada classe de uma fratria não pode contratar casamento senão com determinada classe de outra fratria.

Portanto a sociedade. segundo Durkheim, seria a fonte geradora dessas classificações, pois é dela que parte o modelo organizador desses sistemas, sendo assim cabe a ela a manutenção e a mudança dos mesmos.

Afirma-se assim a exterioridade do fato social, destacando que as mudanças na sociedade são produtos de algo anterior.

A classificação verificada na Austrália seria uma função e não uma causa da organização social, pois atende às necessidades criadas no seio da sociedade.

É justamente esse caráter emocional que não permite aos integrantes das sociedades Primitivas perceberem de forma consciente certas noções que dela fazem parte que dificulta a identificação de uma lógica subjacente a essa sociedade. Durkheim situa esse estágio como fazendo parte de uma fase constituinte no processo que resultou na classificação científica, em que os elementos emocionais embora ainda muito presentes, fossem percebidos com menor vigor.

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